Técnica pra quem gosta de técnica

A melhor técnica? A sua! Sério, não existe melhor técnica, existe a melhor maneira que você lida com ela, ao meu ver, isto é tão pessoal quanto a maneira que você segura a sua câmera, ou melhor, quanto a maneira que você escreve o seu nome, porque tem gente que copia até maneira do outro de segurar a câmera.

Eu nunca gostei de matemática, sempre preferi português, nas minhas aulas de pintura quando era criança, eu só gostava da prática -dos papéis, dos lápis, das tintas, das telas, da paleta e dos pincéis- quando a professora quis começar a me ensinar a teoria, eu desanimei total. Tenho guardado muito forte dentro de mim, quando eu fiz um desenho e achei ele maravilhoso, mas a professora o pegou e fez correções com uma caneta mais forte por cima dele, aquilo me deixou tão triste e eu chorava tanto, porque eu achava que ela não tinha o direito de fazer aquilo em cima do meu desenho, eu não queria saber se ele estava certo ou errado, eu apenas queria mostrar pra minha família que era eu que tinha feito, sem os traços dela por cima dos meus, foi uma frustração enorme.

Quando eu comecei a fotografar -com filme ainda- eu só mexia na abertura e na velocidade da minha câmera analógica, o ISO era referente ao filme que eu usava, 100 ou 400 e elas não tinham nem 1/3 dos botões que as digitais tem, então pensa bem…precisa mesmo usar tudo pra fazer uma foto legal? Na minha humilde opinião, não precisa! Quando eu comecei a fotografar com câmera digital, eu usava JPG, portanto eu dava muito valor às configurações e tentava usar todos os recursos, achava que iria conseguir uma foto maravilhosa usando uma ou outra configuração e tinha muito medo de perder a foto, mas o tempo foi passando e eu me decepcionando cada vez mais com as ilusões desses vários botões chatinhos que só me confundiam, então eu comecei a fotografar em RAW e tudo mudou!

O RAW me dá uma margem de erro e acerto muito grande, onde eu não preciso me preocupar tanto como no JPG na hora da captura, podendo variar entre o escuro e o claro, obtendo o resultado correto na hora da edição. Digo isso, porque muitas vezes eu já perdi um momento legal de fotografar, enquanto eu tentava ajustar as configurações da máquina e depois me dar conta que na hora de editar, eu consigo fazer praticamente o que eu quiser numa fotografia em RAW, desde que ela não esteja nem completamente estourada e nem completamente escura. De fato, eu não fico tentando recuperar fotografias na hora de editar, mas também não faço todas as exposições corretas na hora do clique, mas não me culpo por isso, pelo contrário, me liberto cada vez mais pra criar na hora do ensaio, afinal a luz muda conforme o meu posicionamento e o da modelo e o horário do dia, sendo assim, eu preciso estar sempre procurando o melhor ângulo pra conseguir acertar, é uma caça e muitas vezes não dá tempo de unir uma luz perfeita à uma expressão perfeita e um enquadramento perfeito.

Quando eu recebi esta sugestão de tema pra escrever, eu nem lembrava mais quais eram as configurações que eu estava usando na minha máquina, então eu fui olhar e fotografei pra mostrar aqui -é a primeira foto abaixo- eu já experimentei todas as formas de medição de luz e sinceramente não vi diferença, portanto me adaptei a esta e com ela eu vou vivendo (risos). O que eu mudo na hora de fotografar é a abertura, a velocidade, o ponto de foco e o ISO seguindo sempre o fotômetro da câmera, só não uso no automático porque faço muito contraluz e mudo constantemente de ambiente, portanto o modo manual é necessário para eu controlar a entrada de luz.

Eu adoro editar o meu trabalho, colocar o tom que eu quero nas imagens, escurecer, clarear, contrastar e selecionar, isso tudo me deixa muito realizada com o resultado final, mas nada disso tem valor se o conteúdo da fotografia não estiver de acordo, este fator é definido na hora do clique, porque eu posso conseguir uma luz maravilhosa numa determinada imagem, e em contrapartida, a expressão da modelo não combinar com o contexto, ou seja, a fotografia é um conjunto de fatores distribuídos harmoniosamente dentro de um espaço definido por mim.

Toda essa simplicidade é consequência de muitas tentativas, as minhas fotografias vão muito além da técnica usada. Cada imagem produzida tem toda uma referência interligada, não apenas visual, mas também sensorial, ela é um reflexo de todas as minhas vivências nesse mundo, é o meu passado, o meu presente e o meu futuro se unindo ali no mesmo instante, é o meu desejo de quebrar paradigmas e me superar a cada ensaio junto com a personalidade da pessoa que eu estou fotografando.

Na realidade, eu não acredito que tenha segredos técnicos para fotografar, o que tem é a habilidade, a curiosidade, a sensibilidade e a originalidade de cada um de enxergar a luz e tirar o máximo proveito do seu próprio equipamento, é a coragem de se assumir sem tabus sobre estar certo ou errado, é amar, se dedicar e acreditar no seu trabalho. O equipamento e a técnica são somente instrumentos usados pra transmitir uma mensagem final, mensagem esta que vem dentro de cada um de nós. Não existe certo e errado, a não ser quando se fala de leis, religiões ou crenças, portanto experimente, procure a melhor maneira pra você trabalhar e se dedique à ela, pesquise sobre trabalhos que você se identifica e tente descobrir como foram realizados, seja sempre curioso e esteja sempre aberto à novas ideias, mesmo que sejam contraditórias ao que você disse há um minuto.

Abaixo a foto das configurações da minha máquina:

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E aqui algumas fotos de um programa de índio em família, feitas com a lente 18-105mm:

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1 comentário

  1. Grazi Nilo em 29.04.2014 às 16:17

    Dani, essa é pra você:

    “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
    (Cora Coralina)

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